1.
ÁSIA CENTRAL
A Ásia Central é formada pelos países ao leste do mar Cáspio:
Turcomenistão, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e
Tajiquistão. São países de origem étnica turca (menos o
Tajiquistão, que é de origem persa) e que faziam parte da União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Esses países eram pouco povoados devido à aridez do território.
Sua população era nômade. Porém, com o advento da
industrialização, passaram a ter importância política por serem
reservas de carvão mineral, petróleo e gás natural.
Além disso, estão numa posição estratégica: estão próximos ao
Oriente Médio, Irã, Afeganistão, China e Rússia.
Com o fim da URSS, esses países se tornaram independentes, porém
passaram a ser governados por ex-oficiais soviéticos, que mantiveram
o regime político ditatorial característico do socialismo.
A maioria integrou a Comunidades dos Estados Independentes,
liderados pela Rússia, com o objetivo de estabelecer economias de
mercado. Hoje, integram a Comunidade Econômica Eurasiática,
criada pela Rússia para diminuir as fronteiras aduaneiras e fazer
prevalecer seus interesses na região, visto que os financiamentos
russos são muito mais vantajosos que os das corporações
ocidentais.
Além disso, integram a Organização de Cooperação de Shangai,
com os mesmos objetivos da CEE, porém com a presença da China.
Após os ataques de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos
montaram bases militares na região com a justificativa de combater o
Talibã no Afeganistão. Além disso, tem feito tratados bilaterais
com os países da região, para compra de petróleo e gás (inclusive
com a construção do gasoduto/oleoduto entre Europa e Ásia –
evitando o fornecimento do produto russo).
A cooperação da China e da Rússia com esses países serve como uma
contraposição às ações americanas, numa área de interesse
estratégico. Também por esse motivo, existe uma aproximação
dessas comunidades com a Índia, Irã, Afeganistão e Mongólia.
2.
CHINA
A China manteve-se isolada do mundo ocidental durante alguns séculos.
A relação iniciou com a criação da rota da seda, no século XV,
por Marco Polo, e manteve-se durante séculos baseada nesse comércio
de produtos orientais para o ocidente.
No século XIX, com a expansão do imperialismo europeu rumo à Ásia
e África, a China ainda manteve sua independência, porém suas
relações comerciais coloniais com a Inglaterra. Um exemplo dessa
relação foram as Guerras do Ópio, nas décadas de 50 e 60
do século XIX. A Inglaterra comprava muitas mercadorias no porto de
Cantão, porém só vendia ópio para China, o que causa deficit na
balança comercial inglesa. Quando o imperador chinês proibiu o
tráfico de ópio, a Inglaterra reagiu, vencendo duas guerras
seguidas, e obrigando a China a abrir todos seus portos para a
Inglaterra, além de tomar Hong Kong, que só foi devolvida em 1997
(Tratados Desiguais).
No início do século XX, a China passou a enfrentar o expansionismo
japonês, que tentava dominar a área da Manchúria, rica em minério
de ferro e carvão mineral (Revolução Industrial no Japão –
consequências da era Meiji). A região foi disputada até o fim da
2ª Guerra Mundial, quando o Japão se retirou (ocupava a Coreia
também, que foi dividida por americanos e soviéticos).
Ao fim da 2ª GM, o Partido Comunista Chinês, liderado por
Mao-Tse-Tung, chegou ao poder e instaurou o regime comunista,
fechando a China para o mundo novamente. Após a Revolução Cultural
da década de 60, a China inicio o plano conhecido como “o grande
salto pra frente”. Esse plano foi o investimento maciço em
indústrias de base (energia, metalurgia e siderurgia) para preparar
o desenvolvimento chinês.
Após a morte de Mao-Tse-Tung, Deng-Xiaoping assume o governo e
inicia a abertura econômica da China, com a criação das Zonas
Econômicas Especiais. As ZEE são estabelecidas em cidades
portuárias, com o objetivo de atrais indústrias de capital
estrangeiro, baseada no modelo de desenvolvimento asiático. A
característica principal das ZEE é a imposição estatal de
investimento em produção (do lucro das empresas deveria ser
reinvestido em indústrias de produção na China).
Atualmente, a China é a 2ª maior economia do mundo, apresentando as
maiores taxas de crescimento econômico (média de 10% nos últimos
20 anos). É grande importadora de commodities e exporta produtos
industrializados para todo mundo. Não participa da maioria dos
acordos relacionados ao meio ambiente, e sua população já enfrenta
as consequências da industrialização a qualquer custo – a
poluição já é um problema crônico em várias cidades, inclusive
Pequim.
Tem o maior exército do mundo, com 2,3 milhões de combatentes, e o
2º maior orçamento.
3.
JAPÃO
Com o fim da era Meiji, no início do século XX, o Japão
lança-se ao imperialismo nas regiões nordeste e leste da Ásia. A
era Meiji foi um período de grande desenvolvimento, que tirou o país
do feudalismo e o lançou a era industrial em poucas décadas.
A necessidade de matéria-prima para indústria fez o Japão invadir
a antiga rival China e a Coreia, buscando a exploração de recursos
minerais na região da Manchúria. Essa ocupação seguiria até o
fim da 2ª GM.
Ao fim da 2ª GM, o Japão encontrava-se destruído. Porém a
capacidade de trabalho do povo, a educação e a base industrial se
preservara. Com a ajuda financeira dos Estados Unidos, o Japão foi
capaz de se reerguer e, até 1973, já era a 3ª potência mundial
(seguindo o modelo de desenvolvimento asiático também).
Como o crescimento econômico sempre se reflete em melhoria das
condições de vida da população e consequente aumento das
exigências dos trabalhadores, o Japão passou a exportar o modelo de
desenvolvimento para países vizinhos que não se encontravam no
mesmo estágio – principalmente após a crise do petróleo da
década de 70, onde as empresas procuravam menos custos de produção.
Surgiam os Tigres Asiáticos.
4.
TIGRES ASIÁTICOS
Coreia do Sul, Hong Kong, Taiwan e Cingapura foram os países que se
beneficiaram da descentralização do capital produtivo no Japão.
Com parques industriais voltados para a exportação, os Tigres
Asiáticos alcançaram grande desenvolvimento industrial, elevaram o
PIB e estão com o Índice de Desenvolvimento Humano entre os maiores
do mundo.
Seguindo a mesma receita de crescimento, outros países do sudeste
asiático passaram a se desenvolver em grande velocidade, sendo
chamados de novos tigres: São eles Malásia, Tailândia, Filipinas e
Brunei. Laos, Camboja, Vietnã e Birmânia também seguem esse
caminho, porém o passado comunista os atrasou em relação aos
primeiros.
5.
ÍNDIA
A Índia foi colônia inglesa a partir da 2ª metade do século XIX
até o fim da 2ª GM. É a democracia mais populosa do planeta, com
mais de um bilhão de habitantes.
Tem um conflito constante com o Paquistão pela região da Caxemira.
Desse conflito já saíram algumas guerras, em que o Paquistão
contou com apoio da China. Por essa razão, a Índia procurou apoio
da URSS, porém nunca se alinhou com qualquer corrente durante a
Guerra Fria.
Tem exercido papel de liderança Associação Sul Asiática para
Cooperação Regional (SAARC). Não assina o Tratado de Não
Proliferação de armas Nucleares (TNPAN), por achá-lo
discriminatório, porém segue a política de “não usar primeiro”.
Seu conflito com o Paquistão é o principal motivo do
desenvolvimento de armas nucleares pela Índia (com cooperação
russa em alguns sistemas).
Tem buscado relações com o leste asiático – Japão, Coréia, e
ASEAN – “Look East”.
6.
MODELO DE DESENVOLVIMENTO ASIÁTICO (leste e sudeste)
O desenvolvimento econômico na Ásia foi propiciado por algumas
características comuns a todos os países. São elas:
- Alto investimento estatal em educação e infraestrutura;
- Baixo padrão salarial (não confundir com mão de obra barata,
pois indica baixa qualificação);
- Incentivos fiscais;
- Altas tarifas para consumo interno (a produção era destinada para
exportação); e
- Desvalorização cambial.
7.
FORMAÇÃO DE BLOCOS ECONÔMICOS
a. Cooperação Econômica Ásia – Pacífico (APEC)
Criada em 1989 para atender a crescente interdependência dos países
asiáticos, e em resposta ao poder industrial japonês, a APEC
engloba hoje 21 países, como China, Rússia, EUA e todo o sudeste
asiático. Seu objetivo é elevar o padrão de vida, promovendo o
desenvolvimento econômico sustentável. Está em fase de
implantação.
b. Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN)
Composta por 12 países, foi criada em 1967 para promover o
desenvolvimento econômico, fomentar a paz e estabilidade regional.
Tem sede em Jacarta, na Indonésia, e já faz acordos de cooperação
com a união Europeia e Japão.
c. Organização de Cooperação de Shangai e Comunidade Econômica
Eurasiática
Compostas por Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Tajiquistão,
China e Rússia, tem como objetivo diminuir as barreiras
alfandegárias entre os integrantes e promover o desenvolvimento dos
países da Ásia Central. Também são formas de aumentar a
influência chinesa e russa na área, considerada estratégica,
principalmente após os EUA montarem bases militares.
d. Associação Sul Asiática de Cooperação Regional
Composta por países da Ásia Meridional – Índia, Paquistão,
Bangladesh, e outros – tem por objetivo aumentar a integração
comercial, porém já foi superada por outros acordos, como a ASEAN e
a APEC. É liderada pela Índia.
8. RELAÇÕES COM O BRASIL
O Brasil compõe o BRICS com três países asiáticos. Em 2014, o
BRICS deixou de ser somente um grupo de países para iniciar mas ação
conjunta na economia mundial. A primeira ação foi a criação de um
banco do BRICS, sediado na China, com o propósito de apoiar os
países emergentes com regras diferentes das do Fundo Monetário
Internacional.
Desde 2010, 30% das importações e 28 % das exportações
brasileiras são para Ásia, sendo 14% das importações e 15% das
exportações somente para a China. Os principais produtos exportados
são soja e minério de ferro. As importações são, principalmente,
produtos industrializados.
Apesar da balança comercial favorável, as indústrias de calçados
e têxtil brasileiras sofreram com a concorrência chinesa. Várias
empresas brasileiras fecharam após o início das importações.