quinta-feira, 17 de março de 2016

RESUMÃO DE ÁSIA

1. ÁSIA CENTRAL

A Ásia Central é formada pelos países ao leste do mar Cáspio: Turcomenistão, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão. São países de origem étnica turca (menos o Tajiquistão, que é de origem persa) e que faziam parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Esses países eram pouco povoados devido à aridez do território. Sua população era nômade. Porém, com o advento da industrialização, passaram a ter importância política por serem reservas de carvão mineral, petróleo e gás natural.
Além disso, estão numa posição estratégica: estão próximos ao Oriente Médio, Irã, Afeganistão, China e Rússia.
Com o fim da URSS, esses países se tornaram independentes, porém passaram a ser governados por ex-oficiais soviéticos, que mantiveram o regime político ditatorial característico do socialismo.
A maioria integrou a Comunidades dos Estados Independentes, liderados pela Rússia, com o objetivo de estabelecer economias de mercado. Hoje, integram a Comunidade Econômica Eurasiática, criada pela Rússia para diminuir as fronteiras aduaneiras e fazer prevalecer seus interesses na região, visto que os financiamentos russos são muito mais vantajosos que os das corporações ocidentais.
Além disso, integram a Organização de Cooperação de Shangai, com os mesmos objetivos da CEE, porém com a presença da China.
Após os ataques de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos montaram bases militares na região com a justificativa de combater o Talibã no Afeganistão. Além disso, tem feito tratados bilaterais com os países da região, para compra de petróleo e gás (inclusive com a construção do gasoduto/oleoduto entre Europa e Ásia – evitando o fornecimento do produto russo).
A cooperação da China e da Rússia com esses países serve como uma contraposição às ações americanas, numa área de interesse estratégico. Também por esse motivo, existe uma aproximação dessas comunidades com a Índia, Irã, Afeganistão e Mongólia.

2. CHINA

A China manteve-se isolada do mundo ocidental durante alguns séculos. A relação iniciou com a criação da rota da seda, no século XV, por Marco Polo, e manteve-se durante séculos baseada nesse comércio de produtos orientais para o ocidente.
No século XIX, com a expansão do imperialismo europeu rumo à Ásia e África, a China ainda manteve sua independência, porém suas relações comerciais coloniais com a Inglaterra. Um exemplo dessa relação foram as Guerras do Ópio, nas décadas de 50 e 60 do século XIX. A Inglaterra comprava muitas mercadorias no porto de Cantão, porém só vendia ópio para China, o que causa deficit na balança comercial inglesa. Quando o imperador chinês proibiu o tráfico de ópio, a Inglaterra reagiu, vencendo duas guerras seguidas, e obrigando a China a abrir todos seus portos para a Inglaterra, além de tomar Hong Kong, que só foi devolvida em 1997 (Tratados Desiguais).
No início do século XX, a China passou a enfrentar o expansionismo japonês, que tentava dominar a área da Manchúria, rica em minério de ferro e carvão mineral (Revolução Industrial no Japão – consequências da era Meiji). A região foi disputada até o fim da 2ª Guerra Mundial, quando o Japão se retirou (ocupava a Coreia também, que foi dividida por americanos e soviéticos).
Ao fim da 2ª GM, o Partido Comunista Chinês, liderado por Mao-Tse-Tung, chegou ao poder e instaurou o regime comunista, fechando a China para o mundo novamente. Após a Revolução Cultural da década de 60, a China inicio o plano conhecido como “o grande salto pra frente”. Esse plano foi o investimento maciço em indústrias de base (energia, metalurgia e siderurgia) para preparar o desenvolvimento chinês.
Após a morte de Mao-Tse-Tung, Deng-Xiaoping assume o governo e inicia a abertura econômica da China, com a criação das Zonas Econômicas Especiais. As ZEE são estabelecidas em cidades portuárias, com o objetivo de atrais indústrias de capital estrangeiro, baseada no modelo de desenvolvimento asiático. A característica principal das ZEE é a imposição estatal de investimento em produção (do lucro das empresas deveria ser reinvestido em indústrias de produção na China).
Atualmente, a China é a 2ª maior economia do mundo, apresentando as maiores taxas de crescimento econômico (média de 10% nos últimos 20 anos). É grande importadora de commodities e exporta produtos industrializados para todo mundo. Não participa da maioria dos acordos relacionados ao meio ambiente, e sua população já enfrenta as consequências da industrialização a qualquer custo – a poluição já é um problema crônico em várias cidades, inclusive Pequim.
Tem o maior exército do mundo, com 2,3 milhões de combatentes, e o 2º maior orçamento.

3. JAPÃO

Com o fim da era Meiji, no início do século XX, o Japão lança-se ao imperialismo nas regiões nordeste e leste da Ásia. A era Meiji foi um período de grande desenvolvimento, que tirou o país do feudalismo e o lançou a era industrial em poucas décadas.
A necessidade de matéria-prima para indústria fez o Japão invadir a antiga rival China e a Coreia, buscando a exploração de recursos minerais na região da Manchúria. Essa ocupação seguiria até o fim da 2ª GM.
Ao fim da 2ª GM, o Japão encontrava-se destruído. Porém a capacidade de trabalho do povo, a educação e a base industrial se preservara. Com a ajuda financeira dos Estados Unidos, o Japão foi capaz de se reerguer e, até 1973, já era a 3ª potência mundial (seguindo o modelo de desenvolvimento asiático também).
Como o crescimento econômico sempre se reflete em melhoria das condições de vida da população e consequente aumento das exigências dos trabalhadores, o Japão passou a exportar o modelo de desenvolvimento para países vizinhos que não se encontravam no mesmo estágio – principalmente após a crise do petróleo da década de 70, onde as empresas procuravam menos custos de produção. Surgiam os Tigres Asiáticos.

4. TIGRES ASIÁTICOS

Coreia do Sul, Hong Kong, Taiwan e Cingapura foram os países que se beneficiaram da descentralização do capital produtivo no Japão. Com parques industriais voltados para a exportação, os Tigres Asiáticos alcançaram grande desenvolvimento industrial, elevaram o PIB e estão com o Índice de Desenvolvimento Humano entre os maiores do mundo.
Seguindo a mesma receita de crescimento, outros países do sudeste asiático passaram a se desenvolver em grande velocidade, sendo chamados de novos tigres: São eles Malásia, Tailândia, Filipinas e Brunei. Laos, Camboja, Vietnã e Birmânia também seguem esse caminho, porém o passado comunista os atrasou em relação aos primeiros.

5. ÍNDIA

A Índia foi colônia inglesa a partir da 2ª metade do século XIX até o fim da 2ª GM. É a democracia mais populosa do planeta, com mais de um bilhão de habitantes.
Tem um conflito constante com o Paquistão pela região da Caxemira. Desse conflito já saíram algumas guerras, em que o Paquistão contou com apoio da China. Por essa razão, a Índia procurou apoio da URSS, porém nunca se alinhou com qualquer corrente durante a Guerra Fria.
Tem exercido papel de liderança Associação Sul Asiática para Cooperação Regional (SAARC). Não assina o Tratado de Não Proliferação de armas Nucleares (TNPAN), por achá-lo discriminatório, porém segue a política de “não usar primeiro”. Seu conflito com o Paquistão é o principal motivo do desenvolvimento de armas nucleares pela Índia (com cooperação russa em alguns sistemas).
Tem buscado relações com o leste asiático – Japão, Coréia, e ASEAN – “Look East”.

6. MODELO DE DESENVOLVIMENTO ASIÁTICO (leste e sudeste)

O desenvolvimento econômico na Ásia foi propiciado por algumas características comuns a todos os países. São elas:
- Alto investimento estatal em educação e infraestrutura;
- Baixo padrão salarial (não confundir com mão de obra barata, pois indica baixa qualificação);
- Incentivos fiscais;
- Altas tarifas para consumo interno (a produção era destinada para exportação); e
- Desvalorização cambial.

7. FORMAÇÃO DE BLOCOS ECONÔMICOS

a. Cooperação Econômica Ásia – Pacífico (APEC)
Criada em 1989 para atender a crescente interdependência dos países asiáticos, e em resposta ao poder industrial japonês, a APEC engloba hoje 21 países, como China, Rússia, EUA e todo o sudeste asiático. Seu objetivo é elevar o padrão de vida, promovendo o desenvolvimento econômico sustentável. Está em fase de implantação.
b. Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN)
Composta por 12 países, foi criada em 1967 para promover o desenvolvimento econômico, fomentar a paz e estabilidade regional. Tem sede em Jacarta, na Indonésia, e já faz acordos de cooperação com a união Europeia e Japão.
c. Organização de Cooperação de Shangai e Comunidade Econômica Eurasiática
Compostas por Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Tajiquistão, China e Rússia, tem como objetivo diminuir as barreiras alfandegárias entre os integrantes e promover o desenvolvimento dos países da Ásia Central. Também são formas de aumentar a influência chinesa e russa na área, considerada estratégica, principalmente após os EUA montarem bases militares.
d. Associação Sul Asiática de Cooperação Regional
Composta por países da Ásia Meridional – Índia, Paquistão, Bangladesh, e outros – tem por objetivo aumentar a integração comercial, porém já foi superada por outros acordos, como a ASEAN e a APEC. É liderada pela Índia.

8. RELAÇÕES COM O BRASIL

O Brasil compõe o BRICS com três países asiáticos. Em 2014, o BRICS deixou de ser somente um grupo de países para iniciar mas ação conjunta na economia mundial. A primeira ação foi a criação de um banco do BRICS, sediado na China, com o propósito de apoiar os países emergentes com regras diferentes das do Fundo Monetário Internacional.
Desde 2010, 30% das importações e 28 % das exportações brasileiras são para Ásia, sendo 14% das importações e 15% das exportações somente para a China. Os principais produtos exportados são soja e minério de ferro. As importações são, principalmente, produtos industrializados.
Apesar da balança comercial favorável, as indústrias de calçados e têxtil brasileiras sofreram com a concorrência chinesa. Várias empresas brasileiras fecharam após o início das importações.

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